Mirelle Cristina de Abreu Quintela
O dia de ontem (27/05/2025), para mim, foi um gatilho.
Estava assistindo à transmissão ao vivo da Audiência Pública da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal e fiquei fisicamente abalada com o tratamento dado à Marina Silva, no exercício de sua função, detentora de todo conhecimento técnico e reconhecimento internacional por suas competências. A Ministra do Meio Ambiente. Uma Mulher de virtudes e força.
Para zero surpresa de minha parte, multiplicaram-se as argumentações justificando o desrespeito direcionado a ela. Para muitos, ela é um alvo que "merecia" ser atingido. Muitos afirmaram que "um homem seria tratado igual nessa situação". Outros questionaram: "Se fosse um homem tratado assim, não seria desrespeito também?". A lógica da toada era que "não se tratava de questão de gênero", que "não era misoginia", que "não era machismo".
Diante da dissonância com a realidade e da negação dos fatos que se impunham, fiquei instigada a acionar a Inteligência Artificial para responder, analítica e probabilisticamente, sobre a tal equivalência de gênero em nossa sociedade. Afinal, considerando seu poder de simulação e precisão analítica, ela iria saber mais e melhor que nós sobre isso (contém ironia humana).
Então, solicitei à máquina:
1) Considere todos os dados a que se possa ter acesso nesse momento e a capacidade de processamento de seus algoritmos potenciais. Realize todas as simulações cabíveis para a questão: “Na sociedade atual, existe algum cenário analítico possível em que um homem receberia o mesmo tratamento interpessoal passível de ser dado a uma mulher?”
2) Suponha que eu queira que exista um cenário possível. Construa esse cenário hipotético e estabeleça as condições necessárias e suficientes para que ele exista.
Eis aqui os resultados calculados pela máquina.
O mérito é dela, eu
apenas perguntei.
Observação: A IA não sente indignação — mas calcula disparidades com precisão cirúrgica. Eis a ironia suprema: precisarmos de não-humanos para mostrar a desumanidade que nos habita.